Reflexão: A ira apaziguada.

Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas. Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá. Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão. Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor. Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam. (Salmo 2).


Algumas pessoas acham que Deus não se importa com o pecado que Ele vê o pecado como uma coisa normal. Expressam isto em frases com esta: “qual o mal em agir assim, pois todos fazem isso?”, “ Deus ama a todos por isso levará todos ao Céu” ou ainda, “um Deus de amor não pode ter criado um inferno”. Assim eles acalentam esperanças que enfim mesmo pecando afinal serão salvos. Pensam que o pecado não é coisa grave. Estas pessoas entendem assim porque são levadas pela avaliação que elas mesmas fazem do pecado. Para elas o pecado é normal, é natural, é até bom, e motivo de orgulho. Vemos por exemplo homens gabando-se diante de seus amigos por que traem suas esposas. Orgulham-se por terem amantes, por conseguirem atrair outras mulheres. A palavra de Deus mostra claramente que o pecado é algo que faz parte da natureza humana. Isto naturalmente afeta a avaliação que os seres humanos fazem do pecado. A tendência é transferir esta avaliação para Deus. As pessoas entendem que Deus pensa como elas. Porém nós defendemos que nosso pensamentos devem ser orientados não por nossas opiniões mas sim pela Palavra de Deus conforme está nas Escrituras. Assim devemos investigar o que a Bíblia fala a respeito do pecado, o que ela fala sobre como Deus o vê, como Ele reage diante do pecado.

Toda ação produz uma reação. Qual seria então a reação de Deus diante do pecado? Vejamos alguns versos das Escrituras que falam da reação de Deus a alguns pecados:

Diante do pecado de afligir os órfãos, as viúvas e estrangeiros: “a minha ira se acenderá, e vos matarei à espada; vossas mulheres ficarão viúvas, e vossos filhos, órfãos” (Ex 22:24).
Diante do pecado de murmuração do povo: “Queixou-se o povo de sua sorte aos ouvidos do SENHOR; ouvindo-o o SENHOR, acendeu-se-lhe a ira, e fogo do SENHOR ardeu entre eles e consumiu extremidades do arraial.” (Nm 11:1).
Diante do pecado da idolatria: “Juntando-se Israel a Baal-Peor, a ira do SENHOR se acendeu contra Israel. Disse o SENHOR a Moisés: Toma todos os cabeças do povo e enforca-os ao SENHOR ao ar livre, e a ardente ira do SENHOR se retirará de Israel..” (Nm 25:3,4).
Diante das práticas abomináveis de falsas religiões: “Também queimaram a seus filhos e a suas filhas como sacrifício, deram-se à prática de adivinhações e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que era mau perante o SENHOR, para o provocarem à ira. Pelo que o SENHOR muito se indignou contra Israel e o afastou da sua presença; e nada mais ficou, senão a tribo de Judá.” (II Re 17:17,18).
Diante de Uzá quando estendeu a mão para segurar a arca do Senhor: “Então, a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá e o feriu, por ter estendido a mão à arca; e morreu ali perante Deus.” (I Cr 13:10).
Diante dos que recebem suborno: “Por isso, se acende a ira do SENHOR contra o seu povo, povo contra o qual estende a mão e o fere, de modo que tremem os montes e os seus cadáveres são como monturo no meio das ruas. Com tudo isto não se aplaca a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.” (Is 5:25).
Diante da teimosia em pecar apesar da revelação e advertências de Deus: “Mas rebelaram-se contra mim e não me quiseram ouvir; ninguém lançava de si as abominações de que se agradavam os seus olhos, nem abandonava os ídolos do Egito. Então, eu disse que derramaria sobre eles o meu furor, para cumprir a minha ira contra eles, no meio da terra do Egito.” (Ez 20:8).

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!”(Rm 1:18-25)

Diante do pecado de Eli em não repreender seus filhos: “Disse o SENHOR a Samuel: Eis que vou fazer uma coisa em Israel, a qual todo o que a ouvir lhe tinirão ambos os ouvidos. Naquele dia, suscitarei contra Eli tudo quanto tenho falado com respeito à sua casa; começarei e o cumprirei. Porque já lhe disse que julgarei a sua casa para sempre, pela iniqüidade que ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele os não repreendeu. Portanto, jurei à casa de Eli que nunca lhe será expiada a iniqüidade, nem com sacrifício, nem com oferta de manjares.” (I Sm 3:11-14)

Diante de pecados sexuais, avareza e outros: “Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.” (Ef 5:6).

Diante dos que vendiam no Templo: “Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam; também derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores.” (Mt 21:12,13)
Diante do assassinato: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.” (Gn 9:6).

Diante de Nadabe e Abiú por apresentarem fogo estranho: “Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR. E falou Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão se calou.” (Lv 10:1-3)
Diante da multiplicação do pecado em geral, e de sua presença no coração dos homens: “Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; então, se arrependeu o SENHOR de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração. Disse o SENHOR: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Porém Noé achou graça diante do SENHOR. Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus. Gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé. A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência. Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra. Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra.” (Gn 6:5-13).
Finalmente vejamos qual será reação final de Deus diante do pecado:

E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que são salvos? Respondeu-lhes: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão. Quando o dono da casa se tiver levantado e fechado a porta, e vós, do lado de fora, começardes a bater, dizendo: Senhor, abre-nos a porta, ele vos responderá: Não sei donde sois. Então, direis: Comíamos e bebíamos na tua presença, e ensinavas em nossas ruas. Mas ele vos dirá: Não sei donde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais iniqüidades. Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes, no reino de Deus, Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas, mas vós, lançados fora. Muitos virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul e tomarão lugares à mesa no reino de Deus. Contudo, há últimos que virão a ser primeiros, e primeiros que serão últimos.” (Lc 13:23-30).
Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.” (Ap 20:11-15).

Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.” (Ap 21:8).

Ora, é evidente em todos estes textos que Deus de forma alguma considera o pecado como coisa normal. Deus não vê o pecado como pouca coisa. Mas a reação de Deus diante do pecado é forte e evidente, e pode ser dividida em dois aspectos:

1 – Deus não se agrada do pecado, Ele fica contrariado, desgostoso. Tal desgosto se expressa de várias maneiras, porém de forma mais comum com a palavra ira. Deus se mostra irado contra o pecador.

2 – A ira de Deus produz punição ao ofensor. Isto é evidente em todos os casos. O ofensor sem dúvida será destruído por Deus a não ser que seja salvo.

Mas devemos perguntar: O que é a ira de Deus? Esta ira é igual a ira humana? Para responder isto precisamos compreender a natureza da coisa contra a qual esta ira se volta. Sabemos que ira se volta contra o pecado. Assim precisamos compreender o que é o pecado para entendermos o que é esta ira. Os homens e mulheres de nosso tempo têm considerado que Deus não se importa com o pecado pelo fato de não entenderem a gravidade do pecado. O pecado em si é algo extremamente grave por isso desperta a ira divina. Assim só entendemos o que é a ira divina quando compreendemos o que é o pecado.

O que é o pecado então? Queremos explicar lembrando duas palavras que se encontram nas línguas originais das Escrituras: “rebeldia” e “errar o alvo”.O Dicionário Internacional de Teologia do AT afirma que as palavras relacionadas ao pecado sempre se referem a um padrão, a um modelo. Rebelar-se é rebelar-se contra um padrão. Errar o alvo é ficar aquém de um padrão. Mas quem estabelece o padrão? A resposta só pode ser uma: Deus. E onde está este padrão? Em sua Lei. Daí nos dizer I João 3:4 “Todo aquele que pratica o pecado, também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei”. Então a Bíblia resume o pecado como: Quebrar a Lei de Deus. Isto traz algumas conseqüências. Vejamos: Se pecar é quebrar a Lei de Deus devemos buscar o mandamento principal desta Lei. Qual é Ele? Em Mc 12:28-34 foi exatamente essa a pergunta de um escriba ao Senhor Jesus. O Senhor então responde citando Dt 6:4,5: “Ouve ó Israel, O Senhor nosso Deus é o único Senhor! Amarás pois o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” O principal mandamento então é que Ele seja o nosso único Deus. Ele não aceita que tenhamos outro deus. Só Ele deve ser glorificado como tal. Porque na verdade só ele é Deus. Todos os outros deuses são falsos, não passam de invenções humanas. Portanto, se Ele é o único Deus, deve ser o nosso Deus, nosso único Deus, devemos então amá-lo com todo o nosso ser e vivermos para sua glória.

Podemos tirar daqui que. a base de toda a obediência a Lei de Deus é que o homem obediente está dando glória ao único Deus e demonstrando profundo amor por Ele. Em Jo 14:15 Jesus confirma isso ao dizer: “Se me amais guardareis os meus mandamentos”. Portanto, a verdadeira obediência a Deus e sua Lei não é alguma coisa mecânica. Isto é, não é como o trabalho de uma máquina. As máquinas não são pessoas. Não tem sentimento, alma, vontade e coração. Assim, aquele que tenta obedecer algum mandamento, mas, não o faz para a glória de Deus, em honra a Ele como o único Deus, e não possui amor profundo ao Senhor, não está de fato obedecendo a Deus. Obedecer a Deus é ser, viver e fazer tudo para a glória de Deus e por amor a Ele. Ora, se tudo isso é verdade, e conforme vimos, pecar é quebrar a Lei de Deus, concluímos, pois que pecar é o contrário da verdadeira obediência, ou seja, pecar é: não dar glória ao Senhor como ó único Deus e não amá-lo. É estar contra Deus, é lutar contra Ele, é desejar destroná-lo, destituí-lo de sua posição de Deus. É dizer: Deus não é Deus. Pecar é estar no errado, já que, não é certo que Deus não seja amado e honrado como único Deus, pois é o único Deus. Na verdade não existe motivo para pecar, não existe razão para pecar. Pecar é algo sem sentido, é irracional. É loucura. Pois o certo, o correto é que Deus seja honrado como Deus. Pois Ele é o único e glorioso Senhor. O contrário disso é absolutamente errado.

Assim todo o pecado é contra Deus. Assim expressou Davi depois de ter adulterado com Bate-Seba e provocado a morte de seu marido no Salmo 51 verso 4: “contra ti, contra ti somente pequei”. Não tinha somente cometido um ato terrível contra o casal em questão. Não havia somente praticado algo errado diante da sociedade. Acima de tudo, havia pecado contra Deus. Todo o pecado, seja qual for, é contra Deus. É aqui que esta a gravidade de toda a situação envolvida. Deixo agora uma importante citação do puritano Samuel Bolton. Falando do pecado ele diz: “Aquilo que luta contra e se opõe ao maior Bem, deve ser o maior mal,” E mais adiante ele continua afirmando sobre o pecado: “se fosse suficientemente forte e infinitamente mal como Deus é infinitamente bom, porfiaria para acabar com Deus”. (Os Puritanos e a Conversão, página 21). Esta é a essência do pecado. E como temos visto é a rebeldia a sua Lei, pois a Lei expressa o caráter de Deus. É por assim dizer uma oposição a sua Santidade, visto que esta é o principal de seus atributos. Eu pergunto a você: Isto é algo sem importância? Lutar contra Deus, opor-se a Ele, desejar sua destruição, negar a pureza de sua santidade, é algo sem valor? Deveria o Deus Justo e Santo tratar estas coisas com complacência? Haveria Ele de pensar que tal coisa é afinal aceitável e normal, conforme pensam os homens e mulheres de nosso tempo? Ora a gravidade do pecado é expressa no fato de que é praticado contra este Deus. Contra sua Santidade. Se alguém roubar um palito, talvez muitos digam que isto não importa pois afinal é só um palito. Mas a palavra de Deus diz que isso é gravíssimo, pois é uma rebeldia ao Santo Deus que ordena que nada seja roubado nem mesmo um palito. O ato se torna grave não pelo valor ou desvalor material do palito, mas pelo fato de que é praticado contra Deus, o Único Senhor que deve ser amado e glorificado com todo nosso ser e ações.

Portanto, todo pecado implicará em uma reação deste Santo Deus contra o pecado e seu autor. E a isto a Bíblia chama de ira. Assim podemos entender o que é a ira de Deus. Trata-se da reação justa de Deus a ofensa do pecador. Porque Deus é justo e santo, jamais permitirá que uma afronta tão grave como é o pecado passe impune. Assim afirmamos: Deus está indignado com o pecador, está irado com ele. Não afirmamos como muitos que Deus odeia o pecado e ama ao pecador. Isto não é verdade. A verdade é: Deus aborrece o pecado e quem o pratica. Deus está irado contra os pecadores. Deus está indignado com eles. Está contra eles. Diante disto afirmamos que a conseqüência da ira de Deus é a punição do pecador conforme vimos nos textos anteriores. Para estes a destruição é certa a não ser que se arrependam e creiam no Filho de Deus.

Veja o que diz o salmo 50:16-22: “Mas ao ímpio diz Deus: De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança, uma vez que aborreces a disciplina e rejeitas as minhas palavras? Se vês um ladrão, tu te comprazes nele e aos adúlteros te associas. Soltas a boca para o mal, e a tua língua trama enganos. Sentas-te para falar contra teu irmão e difamas o filho de tua mãe. Tens feito estas coisas, e eu me calei; pensavas que eu era teu igual; mas eu te argüirei e porei tudo à tua vista. Considerai, pois, nisto, vós que vos esqueceis de Deus, para que não vos despedace, sem haver quem vos livre.”. Observemos que Deus diz que não é igual ao pecador. Este pensava que Deus era igual a Ele. Ele considerava o pecado como coisa normal, que enfim a Lei de Deus não era importante. Achava que Deus concordava com isto. Tal coisa não parece com o pensamento moderno sobre o pecado conforme abordamos no inicio? Mas Deus diz: “Vou te julgar”. A justiça de Deus o leva a julgar o pecador e a condená-lo. Ele diz que se não levarem isso em consideração Ele virá e os despedaçará, e não haverá quem possa livrá-los. Quem poderá nos livrar de Deus? Quem é maior que Deus? Pense nisto você que acha que pecar é uma banalidade, que se todos pecam é porque é normal pecar, que afinal o que tem de mais. Eu lhe afirmo: Deus não pensa como você, Ele está irado com você, Ele trará o juízo e o destruirá se você persistir nesta loucura. O inferno é o destino dos pecadores não arrependidos!

Porém não somos propagadores do desespero. O que queremos é tirar toda a ilusão que porventura você tenha. Queremos ser realistas para que um dia não venha a decepção. Porém, anunciamos as boas novas em Cristo. E dela me proponho a falar agora. Se Deus está irado a grande pergunta a se fazer é: Como alcançar sua misericórdia? Como podemos apaziguar a ira de Deus?

Em primeiro lugar devemos reconhecer que nada do que fizermos poderá aplacar a ira de Deus sobre nós. E é assim porque o nosso coração é mal e o pecado nele habita (Gn 6:5 e 8:21). Assim nossas justiças não passam de um trapo imundo (Is 64:6). Nosso próprio coração não agrada a Deus e nem mesmo o pode. Nossas obras que brotam deste coração mal jamais poderão agradar a Deus. Assim, entregues a nós mesmo jamais teríamos esperança, o caso estaria perdido. Quero assim exortar você a desistir de qualquer tentativa de agradar a Deus por si só. Quero lhe incentivar a crer naquele único que pode salvar você: Cristo. Na verdade só o próprio Deus pode nos salvar e isto ele faz em seu Filho Jesus.

Examinemos agora Rm 3:23-26: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.” Paulo afirma neste texto que Deus salva o pecador de uma forma justa e isso por meio de Cristo, de seu sacrifício em lugar do pecador. Cristo dessa forma desvia a ira de Deus do pecador, Deus é apaziguado em Cristo Jesus. Leon Morris expressa este fato da seguinte forma: “Mas para o crente o que importa é que a morte de Cristo desvia a ira divina; Deus colocou Cristo como propiciação, ou seja, como um meio de desviar sua ira.” (Teologia do Novo Testamento, pagina 83, também paginas 40 e 41). Morris interpreta a palavra propiciação como “desviar a ira” argumentando que o contexto fala da ira de Deus. Creio que ele está correto visto que Paulo vem exatamente falando sobre a ira divina sobre os pecadores. Em Rm 1:18 Paulo afirma: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça;”. Assim fica claro que a ira de Deus só é desviada em Cristo, e que é o próprio Deus quem faz toda esta obra. Paulo afirma: “a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação,”. É Deus quem salva. Só Deus pode fazer isto. O homem nada pode fazer.Observemos, no entanto que a ira de Deus é desviada e cai sobre Cristo. Dessa forma Deus continua sendo justo, pois o pecado foi punido, mas sobre seu Filho. Dessa forma a ira é desviada do pecador, podendo este ser justificado.

Amigos, Cristo é o substituto que carregou sobre si a ira de Deus. Vejam estes textos:

Isaias 53:5,6 “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.”.

Isaias 53: “Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si.”
1 Pedro 3:18: “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito,”.
2 Coríntios 5:19 “a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.”

Está claro para você que Cristo é o único salvador da ira divina? Está claro que só nele a ira é apaziguada? Então creia nele conforme diz Rm 10:9-13: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido. Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.”. Aqueles que crêem Nele são justificados e estão em paz com Deus. Veja: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.” (Rm 5:1,2). Assim lhe exorto a crer Nele. Não tente outra forma de agradar a Deus. Nada que você tenha ou faça pode apaziguar a ira de Deus contra você em seu pecado. Seu dinheiro, fama, boa reputação, religiosidade, justiça própria, nada disso apaziguará a Deus. Tudo isso é trapo de imundícia diante Dele. Corra para Cristo e clame por sua graça. Leve muito a sério o pecado. Temos demonstrado que não importa o que nós e o mundo todo pensemos sobre o pecado. Para o Justo Senhor o pecado é uma abominação e Ele está irado com os pecadores. O pecado é estar contra Deus. É não amá-lo e glorifica-lo. Arrependa-se hoje e em Cristo busque sua misericórdia! Concluo pedindo-lhe que medite nestas palavras em oração diante do Senhor Deus:

Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas. Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá. Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão. Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor. Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam. (Salmo 2).
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