Exposição do Evangelho de João: O Verbo é recebido pelos que nascem de Deus! (Segunda e última parte):

O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. (Jo 1:10-13)

III – HÁ OS CRÊEM NO VERBO (Jo 1:12):

Se nosso assunto encerrasse no tópico anterior não haveria esperança. Se os homens fossem entregues a seus próprios recursos não haveria nem mesmo expectativa de achar fé ao se pregar a Cristo, pois todos o rejeitariam e seriam condenados. Mas graças a Deus há os que crêem. E esta fé só poder ser explicada por uma atuação da graça de Deus no coração humano. João mostra que existem crentes tanto entre judeus como nos demais povos: “a todos quantos o receberam”. E isto não importa a nacionalidade. Observemos que os que recebem, ou seja, os que crêem em seu nome, recebem o poder de serem feitos filhos de Deus. Será que isto quer dizer que os homens se tornam filhos de Deus após crerem? Será que a regeneração, o novo nascimento, vem após a fé? Esta é uma ideia bem comum. Mas devemos dizer que não é assim. Expliquemos: Um homem não pode crer no Verbo porque, como temos visto, por natureza ele o rejeita. A fé no Verbo não faz parte da natureza humana, mas sim a incredulidade. É preciso que os homens recebam uma nova natureza, sejam regenerados, nasçam de novo para que possam crer. E quem faz isso é Deus (Tg 1:18). A regeneração é a vivificação que o Espirito Santo opera no coração dos eleitos, dando-lhes uma nova natureza, tornando-os filhos de Deus, dando-lhes desejo por Cristo e capacidade para crer Nele. É só quem foi regenerado que pode crer! Assim a regeneração vem antes da fé, e não ao contrário.
Então por que João afirma que aos que crêem é dado o poder de serem filhos de Deus? Primeiro é preciso observar que o poder de ser feito filho é dado. Isto implica em graça de Deus e não o poder humano. Mas devemos entender está filiação, penso eu, conforme William Hendriksen a apresenta. Sobre a filiação neste verso diz ele na página 117 de seu comentário a João: “aqueles que o aceitam estão qualificados para tornarem-se filhos de Deus, ou seja, para serem transformado mais e mais, na imagem de Deus”. Portanto os que crêem estarão sendo transformados e isso é um processo. Hendriksen apresenta estes textos como apoio: I Jo 3:2,3; II Co 3:18; Gl 4:19; II Pe 1:4. Penso que ele está certo e dessa forma sigo esta interpretação em nosso estudo. Diante disso devemos pensar que os verdadeiros crentes crescerão na imagem de Cristo. Assim como um filho se parece com seu Pai, os verdadeiros filhos de Deus se parecerão cada vez mais com Deus. Eles buscarão a purificação, a santidade, a luz, a verdade, enfim aquilo que é próprio do Deus Único que se revela no Verbo Divino. O Novo Testamento mostra claramente esta verdade. A verdadeira fé gera pureza. Se alguém diz que possui fé deve demostrar isso em uma vida de santidade. Creio que muito do que vemos hoje definido como “fé em Cristo”, ou como “aceitar a Jesus” não passa por este teste de pureza. Nestes tempos onde as pessoas são chamadas para virem a frente nos famosos “apelos”, observamos que os decididos pouco demostram desta pureza, deste crescimento na imagem de Deus. Devemos refletir sobre tudo isso e reavaliar o que normalmente tem sido feito em termos de evangelização. Creio que o esquecimento da realidade que os homens e mulheres estão mortos e que só Deus pode ressuscitá-los, tem feito com que as pessoas nas igrejas abordem toda a questão evangelística de maneira muito superficial. Precisamos entender que o único que pode regenerar, dar a fé, e santificar um homem é Deus. Isso é um milagre, e só Ele o pode realizar, e o faz por sua Palavra quando pregada sem reservas (Tg 1:18, I Pe 1:23-25).
Ligado ao fato anterior e ao texto em geral, penso que é preciso dar uma palavra aos pastores. Meu irmão, fomos chamados para pregar a Palavra e nada mais. Devemos estar bem conscientes que esta não é uma tarefa fácil. O mundo em geral odeia ao Verbo que pregamos. A essência das pessoas do mundo, ou seja a natureza delas, clama contra a Palavra que pregamos. O Cristo da Bíblia não é popular. Quando você o prega não agrada as multidões. Mas saiba: Deus têm os seus. Está é a grande nota de esperança que João nos dá nesta texto. No meio do mundo e dos judeus incrédulos há os que crêem, há os que recebem. Sim em meio a toda aquela incredulidade houve um Pedro, um João, e os demais crentes. E hoje é o mesmo. Deus tem os seus, e estes crerão e receberão a Palavra pregada. Portanto não rebaixe a Palavra, não a falsifique, não tema em pregá-la. Não tente agradar aos mortos em delitos e pecados mentindo a eles, dizendo que está tudo bem com eles, mas clame com coragem, fale a verdade, fale do pecado, fale da ira de Deus, fale do inferno, anuncie o Deus Santo, proclame o Único Salvador, fale da Cruz e seu significado, fale do arrependimento, da fé, da regeneração, da santificação, da Lei de Deus. Tenha coragem e clame confiando unicamente na graça de Deus, e se for assim o Senhor em sua soberania, de acordo com seus decretos, ressuscitará os mortos e os fará semelhantes ao seu amado Filho Jesus a medida que você o prega.

IV – OS QUE CRÊEM NASCEM DE DEUS (Jo 1:13):

Neste verso João afirma claramente que os que crêem, tiveram um novo nascimento que nada tem a ver com o que é natural no homem. Ora, os judeus se gloriavam em serem descendentes de Abraão e achavam que por isso estavam bem com Deus (Jo 8:31-47). Este é o um problema que tem surgido várias vezes ao logo da História. Muitas vezes pessoas associam filiação com Deus a laços de parentesco. Dizem coisas semelhantes a seguinte frase: “sou cristão porque minha família é cristã”. De forma semelhante há pessoas que associam a sua filiação com Deus a sua própria justiça, ou de sua família. Porém neste texto João coloca tudo o que é humano como completamente desassociado da filiação com Deus. O que é humano, naturalmente humano, é totalmente irrelevante para a questão. Nada que o homem faça, nada que venha dele, de seu próprio poder pode produzir tal filiação. Isso não depende de seu poder ou vontade. Mas o que fica claro é que esta filiação vem de Deus, depende de Deus, e de sua vontade. É Deus quem faz de um morto em pecados alguém vivo. Deus é quem produz uma mudança no coração rebelde de um filho das trevas fazendo dele um filho Seu. É Deus quem transforma um coração pecaminoso em um coração que ama a santidade. Somente Ele pode fazer de um incrédulo um crente. Só Ele pode produzir a fé. Só Ele pode restaurar a imagem e a semelhança perdida no Éden. Laços familiares, vontade e esforço humano não podem operar isso, pois se trata de um milagre que só a graça de Deus é capaz de operar.
Querido amigo pense nisso e entenda que por natureza sua situação é extremamente grave. Não importa se você faz parte de uma família tradicionalmente judaica, ou católica, ou protestante, ou de que religião for! Não importa também em que país você nasceu. Da mesma forma não importa sua educação, cultura, justiça própria, moralidade, ou religiosidade pessoal. Nenhuma destas coisas mudam este fato: Por si só diante de Deus você está morto. Deus conhece o teu coração, Ele vê que você não o ama e que não crê no Verbo que Ele enviou. Ele vê tua natureza rebelde que aborrece a Verdade manifesta em Cristo. Ele sabe que você não se importa com Ele e sua Palavra. Oh meu amigo essa é a tua situação por natureza e nada pode mudar isso a não ser o poder de Deus. Por natureza você é incrédulo, desafia a Deus, e não se rende ao seu Filho Jesus. Talvez você ache isso muito duro e difícil mas esta é a realidade. Devo lhe falar francamente pois muitos estão confiando em si mesmos, ou em suas famílias e religiosidades, e um dia quando estiverem diante de Cristo descobrirão que nunca pertenceram a Ele. Mas aí será tarde demais. Hoje é tempo amigo de você pensar nisso. Eu lhe pergunto: Você crê em Cristo de fato? Esta é a evidência de que alguém foi objeto da graça de Deus e não laços familiares ou qualquer outra coisa meramente humana. E ainda lhe pergunto: a fé que você diz ter em Cristo é viva? Esta fé se manifesta no amor a Deus e aos irmãos? É uma fé que gera obras? É uma fé que produz apego aos mandamentos de Deus? Tudo isso é importante pois quem Deus regenerou possui fé que se manifesta em uma constante e crescente mudança de vida. Pelo fruto se conhece a árvore! Se não há fruto não árvore! Se não há fé e santidade não há regeneração. E é assim, mesmo que a família seja tradicionalmente religiosa. Exorto a que você pense nisso, e chegando a conclusão de que não nasceu de novo, que clame por misericórdia ao único que pode regenerar: O Senhor Deus. Busque sua Palavra. Busque conhecer o Verbo e venha a Ele com fé esperando inteiramente em sua graça, em seu sacrifício na cruz, em sua justiça alcançada ao pecador penitente que Nele confia.

V – CONCLUSÃO:

A Verdade que João nos apresenta neste texto é bem dura para a orgulhosa natureza humana. Ele mostra que em essência somos imundos pecadores, que por natureza odiamos ao Verbo de Deus e amamos ao pecado. No entanto João nos apresenta o fato de que em Deus, em sua graça existe esperança de uma nova vida em santidade. O Senhor tem regenerado homens e mulheres, tem produzido fé e amor a Verdade neles, e os têm trazido ao seu Filho Jesus, ao Verbo Divino. Esta regeneração não tem nada a ver com qualquer capacidade humana, mas tão somente com a vontade soberana do Deus Todo Poderoso.
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