Exposição do Evangelho de João: Decepcionados ou satisfeitos com Cristo?

Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Mas Jesus, sabendo por si mesmo que eles murmuravam a respeito de suas palavras, interpelou-os: Isto vos escandaliza? Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida. Contudo, há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair. E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido. À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele. Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus. Replicou-lhes Jesus: Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo. Referia-se ele a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era quem estava para traí-lo, sendo um dos doze.” (Jo 6:60-71).

I – INTRODUÇÃO:

Existem os verdadeiros e os falsos seguidores do Filho de Deus. Uma das principais características que diferenciam estes grupos refere-se ao que eles esperam do Senhor. Os falsos não reconhecem sua verdadeira necessidade, e assim esperam que Cristo lhes conceda benefícios materiais. Os verdadeiros, por outro lado, entendem sobre o que é mais importante, e dessa forma, esperam benefícios espirituais. Os falsos se decepcionam com Jesus, pois não terão o que esperam. Já os verdadeiros, ficarão satisfeitos, pois Cristo lhes concederá o que desejam. Em que grupo você está? Medite neste texto comigo e que Deus nos ilumine!



II – REAÇÃO À PALAVRA DE CRISTO, E A SUA RESPOSTA (Jo 6:60-65).

Chegamos ao final deste capítulo, e aqui temos a reação do povo diante do ensino do Senhor sobre o “Pão da Vida”. É uma reação de indignação. Aquelas pessoas não aceitam o ensino. Para entendermos o motivo devemos nos lembrar dos eventos anteriores. Aqueles homens pareciam bastante entusiasmados com Cristo no princípio. Seguiam-no devidos aos sinais (6:2); quiseram fazê-lo rei após o milagre dos pães e peixes (6:14,15); ficaram até o dia seguinte próximo ao local do milagre (6:22); atravessaram o mar a sua procura (6:24,25); enfim, estavam extremamente entusiasmados com Cristo!

Mas observemos que todo este entusiasmo era motivado pela esperança de que Cristo lhes desse benefícios materiais. Isso fica claro tanto pela Palavra de Cristo (6:26), como pelos fatos que mencionei a pouco. Eles queriam o pão (6:26), queriam um rei político (6:15), queriam sinais (6:30), ou seja, toda a esperança deles girava em torno das necessidades desta vida, era isto que esperavam de Cristo, mas não esperavam nada em termos genuinamente espirituais. Quando Jesus fala de si mesmo como o “pão que desceu do Céu” eles começam a se escandalizar (6:41,42). E quando ele diz que devem “comer sua carne” e “beber o seu sangue” eles ficam revoltados de vez (6:52,60). A mente pecaminosa e materialista deles não os permitia entender a figura que Cristo usava, pois quando falava em “comer sua carne” e “beber seu sangue”, ele falava em termos espirituais, ou seja, mostrava que eles deveriam crer Nele como Aquele que daria a si mesmo em sacrifício pelo pecado. Assim eles ficaram escandalizados, indignados, ofendidos, com estas frases de Cristo olhando apenas para o sentido literal delas, e não suportaram seu ensino dizendo enfim: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (6:60).

No entanto, Nosso Senhor misericordiosamente ainda argumenta a respeito de tudo isso com aquelas pessoas incrédulas. Isto é extremamente consolador, ou seja, vermos a paciência do Senhor com os pecadores. Ele ainda procura mostrar-lhes o caminho da Verdade. Como Nosso Senhor é cheio de bondade! Mas também vemos aqui a questão da responsabilidade. Se Cristo argumenta com eles é para mostrar que são tolos, e que responderão por isso.

Mas o que diz o Senhor? Ele mostra a tolice de duvidarem de suas palavras, pois se não criam que Ele descera do Céu como ficariam surpresos se o vissem voltar para lá, como de fato ocorreu! Por exemplo, como seria tolice desacreditar da identidade de um príncipe vindo de um Reino distante, sendo que este em breve voltará para seu Reino provando de fato ser um príncipe. Assim, como aqueles incrédulos erravam ao duvidarem da Palavra Daquele que veio do Céu e que em breve voltaria para lá. Pensemos em como é loucura duvidar Dele que é Deus, que se encarnou para salvar seu povo, e que voltou ao Céu continuando a ser o Mediador entre Deus e os homens (I Tm 2:5). Como é loucura duvidar Daquele que veio do Pai com todas as credenciais necessárias (Jo 5:30-39), Daquele que é o Santo, o Onipotente, o Verbo, o que sustenta todas as coisas (Cl 1:16,17), Daquele que é o único Redentor dado pele Pai (Ef 1:3-14), Daquele que veio do Pai e voltou para Ele (Jo 16:28). Prezado leitor, não foi loucura aquelas pessoas duvidarem Dele? Não é loucura você duvidar? Pense nisso!

Assim, o Senhor continua, e mostra-lhes que não devem apegar-se a carne, que nada produz, mas ao espírito, que vivifica, ou seja, que não deviam interpretar suas palavras literalmente, como vinham fazendo com seu ensino sobre “comer sua carne” e “beber seu sangue”. Deviam entender que estas palavras eram simbólicas apontando para a realidade espiritual. Se assim fizessem encontrariam a Vida. Mas se continuassem com suas mentes pecaminosas e materialistas, que nada entendiam das questões espirituais, então não teriam nenhum proveito. O Senhor mostra que a fonte desta vida espiritual é sua Palavra. Dessa forma se aqueles homens ouvissem sua Palavra e cressem nela, teriam, então, a Vida Verdadeira.

No entanto o Senhor mostra que conhece o coração dos homens, sabe que, apesar de ser verdade que suas palavras são vida, existem descrentes entre aquelas pessoas. O verso 64 deixa claro que o Senhor sempre soube quem creria Nele e quem o trairia. Temos visto desde o final do capítulo dois deste Evangelho que ninguém poder enganar ao Senhor. Devemos abandonar toda a ilusão que nos leva a acreditar que pertencemos a Cristo sem uma genuína fé, ou seja, se não cremos Nele como o pão da vida espiritual, e a semelhança daqueles homens vemo-lo apenas como um meio de alcançarmos benefícios materiais, estejamos certos que de forma alguma Ele nos reconhecerá como seu povo. E mais uma vez, como no verso 44, o Senhor vê toda esta questão como algo em que, no que diz respeito aos homens, não existe esperança. Ninguém virá mesmo, a não ser que o Pai o traga (verso 65). Toda a esperança de encontrar nos homens fé em Cristo está em Deus o Pai. É Ele quem traz os eleitos a seu Filho. Todo este texto nos faz olhar para o Pai esperando graça, como um miserável mendigo que espera o pão para saciar sua fome. Não olhamos para nós mesmos esperando fé, mas olhamos para Ele que é Aquele que pode operar a fé em nós.

III – ABANDONANDO A CRISTO, OU NÃO? (Jo 6:66-71).

Dos homens só vem incredulidade. Assim, mesmo com as explicações de Cristo aqueles homens não se convencem e o abandonam. Este abandono implica em voltar a antiga vida, e não mais andar com Cristo. Na verdade as duas coisas andam juntas, mas devemos mencioná-las, pois muitos há que acham que seguem a Cristo quando na verdade são desviados Dele. Mas o que levou estes homens a este abandono? Obviamente foi a decepção! Eles esperavam de Cristo benefícios materiais, e não os tendo, o abandonaram. Ora, eles não querem nada com o pão espiritual, mas com o material (Jo 6:26,27). Se Cristo não lhes dá o que querem eles o deixam.

Penso que é exatamente isso que ocorre na vida de muitos em nossos dias. Eles não querem o que Cristo tem para lhes dá, mas apenas curas, poder, e pão. Quando a pregação Fiel lhes apresenta o Verdadeiro Cristo eles ficam decepcionados e vão embora, ou procuram um “cristo” de acordo com seus gostos. Estes falsos “cristos” são anunciados por falsos profetas que mentem e iludem as pessoas fazendo-as crer que seguem ao Cristo Verdadeiro. Mas tudo isso não passa de desvio, de apostasia, pois o homem enquanto não nasce de novo não tem interesse pelo verdadeiro Cristo, visto que toda a sua perspectiva é materialista. Amigos, ao fazermos uma análise do evangelicalismo moderno à luz deste texto, chegamos a conclusão que existem milhões de decepcionados com o Cristo da Bíblia. Não se iluda com as multidões nas igrejas, mas seja cauteloso! Ponha seu próprio interesse em teste. Eu lhe pergunto: O que você espera de Cristo? Você espera o “pão da padaria” ou o “pão espiritual”? Você está atrás de milagres ou do Cristo apontado pelos milagres descritos nos evangelhos? Você quer um “cristo” que lhe dê o poder desta era presente ou o Cristo Rei dos Reis, Senhor espiritual de seu povo? Você é mesmo um crente em Cristo ou um desviado Dele? Você esta satisfazendo-se no Cristo da Bíblia, o Pão que desceu do Céu, ou está decepcionado com Ele? Estas questões são muito importantes e devem ser encaradas por você seriamente com grande urgência, pois o juízo está vindo e ai daquele que despreza o Filho de Deus conforme apresentado nas Escrituras. Tome um tempo e pense nestas questões. Que o Senhor o livre do engano presente!

No entanto veja o outro lado da moeda. Ao ser abandonado Jesus questiona seus discípulos, pergunta se não querem também retirar-se. Ele espera uma resposta negativa e a tem. Pedro, pondo-se como porta-voz, mostra que não há para onde ir, pois apenas Cristo possui as Palavras de Vida Eterna. Observemos a reação tão diferente de Pedro em relação aos que abandonaram a Cristo. Observemos que ele fala como alguém faminto que ao ser questionado se não deseja abandonar uma mesa cheia de iguarias diz: Para onde irei se aqui está o alimento? Vejam que diferença, pois enquanto os apóstatas, em sua loucura e cegueira, abandonam a Cristo e voltam-se para o próprio vômito (II Pe 2:21,22), Pedro mostra que têm luz espiritual, mostra que compreendeu que Cristo é a verdadeira preciosidade, o Pão de Deus, o que tem a Palavra que produz a vida eterna. Como Pedro poderia deixar o “Pão” para voltar ao “vômito”? Como faria tal loucura? Se você entendeu quem é Jesus jamais você quererá deixá-lo seja pelo o quer for. Oh amigo, aproxime-se de Cristo, procure conhecer quem Ele é, conheça-o por sua Palavra na Escritura, ouça um pregador Fiel, leia Bíblia, clame a Deus para que lhe revele seu Filho, oh procure o verdadeiro tesouro e não descanse até achá-lo. Eu lhe afirmo que não existe nada nem ninguém comparado com Ele, e se você o conhecer não o trocará nem por todo o dinheiro, prazer, poder, fama, ou o que for que pertença a este mundo passageiro, não deixará o “pão” para voltar ao “vômito” jamais. Só Ele possui a Palavra de Vida Eterna!

Mas, mesmo no grupo mais seleto de discípulos, entre os doze, existe um traidor! Que coisa impressionante. Tal fato mostra a pecaminosidade da natureza humana, que é tão corrompida que sem a graça de Deus não crerá, mesmo estando tão perto de Cristo. Porém, o Senhor sabe de todas as coisas, sabe que mesmo naquele grupo existe diabo (um difamador), existe um traidor. Cristo sabe que a confissão de Pedro não se refere a todos, que existe um que prefere o “vômito”, prefere o dinheiro que a Cristo (Jo 12:4-8, Mt 26:14). Este é Judas! Na verdade, Judas é pior que os outros apóstatas deste capítulo, visto que pelo menos os outros foram mais sinceros, abandonaram claramente a Cristo. Mas Judas ficou quietinho em meio aos doze, e Pedro e os demais nem desconfiavam dele. Mas ele não enganava a Jesus. O Senhor sabia quem era o traidor.

Diante destes fatos reconheçamos duas coisas:

1 – Não confiemos nos homens, nem em nós mesmos, pois se entre os doze havia um traidor, o que dizer dos demais? Não confiemos em nossa avaliação sobre nossa situação espiritual, pois é enganoso o nosso coração. Em vez disso nos exponhamos a Palavra de Deus clamando que Ele nos sonde (Jr 17:9,10; Sl 36:9, Sl 26:2; Sl 139:23,24).

2 – Ninguém engana a Cristo. Judas ficou caladinho, mas isso não adiantou nada. Jesus sabia que ele era um difamador. Se em vez de nos expormos à Palavra e clamarmos que Ele nos sonde, se em vez disso tentarmos enganar a nós mesmos e a Deus, tenhamos certeza que a Ele ninguém ilude! Cristo conhece os falsos. Que estejamos alertados sobre este fato: Buscar o auto-exame é algo doloroso, mas nos livra de uma decepção futura, visto que o juízo está vindo, e ao juiz ninguém engana.

IV – CONCLUSÃO:

Em que grupo você está? Dos que estão satisfeitos com Cristo ou dos que estão decepcionados com Ele? Que você esteja no grupo dos que entenderam que Cristo é o Pão de Deus, o Pão que desceu do Céu para dar a Vida ao mundo. Que você tenha compreendido que nada vale mais que Ele. Que você se exponha a uma sondagem profunda mediante a Palavra, clamando que Ele te ilumine e te conduza a seu Filho, o Pão da Vida Eterna! Amém!

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Leitura recomendada:

Futuro Castigo Eterno

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