Breve Análise da Nota Pública sobre Debates Teológicos entre Calvinistas e Arminianos – Manoel Coelho Jr.
“Mas, quando vi que NÃO ANDAVAM
BEM E DIREITAMENTE CONFORME A VERDADE DO EVANGELHO, DISSE A PEDRO NA PRESENÇA
DE TODOS: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que
obrigas os gentios a viverem como judeus?”
Gálatas 2:14
Prezados irmãos reformados, quero
nestas poucas palavras levá-los à reflexão sobre a nota recentemente publicada
a respeito de debates entre Calvinistas e Arminianos. Faço isso não para criar
polêmicas, mas por que vejo neste caso a tendência perigosa do atual Movimento
Reformado no Brasil de transigir com o Arminianismo e o Pentecostalismo. Estou
convencido que isso pode minar e neutralizar o próprio movimento, tornando-o
para a próxima geração simplesmente sem efeito algum, pois é inegável que o
estado caótico do evangelicalismo no Brasil foi provocado pela mistura do
Arminianismo e Pentecostalismo.
Explico:
1 – O Arminianismo exalta a
autonomia humana, o que naturalmente abre as portas para a soberba dos homens.
2 – O Pentecostalismo crê na
continuidade dos dons, os quais dizem respeito a Comunicação de Deus a nós
hoje, o que naturalmente leva ao afastamento da Bíblia.
3 – Estes movimentos combinados
levaram ao caos atual, pois a soberba autônoma acrescentada ao afastamento da
Bíblia criou todo o tipo de heresias que se veem hoje no Neopentecostalismo. Há
uma tendência atual de separar Arminianismo Clássico do Arminianismo
Contemporâneo que já é praticamente um Pelagianismo, como também separar o
Pentecostalismo Clássico do Neopentecostalismo. Mas isso é um erro no sentido
de que um movimento gera o outro inevitavelmente. O coração humano é enganoso.
Abra a porta num ponto e você verá com o passar dos anos heresias brotando por
todos os lados.
4 – A Reforma atual, aliás, como
sempre, tem sido uma volta à Bíblia e consequentemente uma negação do
Arminianismo em prol do Calvinismo; e do Pentecostalismo em prol da Suficiência
das Escrituras.
5 – Mas entendo que esta mesma
Reforma está ameaçada porque há por parte de muitos reformados uma transigência
com o Arminianismo e o Pentecostalismo.
Por isso estou tratando deste
assunto, pois essa transigência se manifestou claramente na recente nota
pública. Creio firmemente que a Reforma em sua continuidade corre sério risco
devido a tal transigência.
Tendo dado estas explicações
iniciais e necessárias, procurarei agora demostrar com alguns breves pontos que
tal nota foi um erro. Afirmo que respeito a cada um que assinou a nota, sejam
Calvinistas ou Arminianos, mas creio que é dever alertar quanto a erros que
podem minar a Verdade do Evangelho e isso em amor. Todavia este meu texto é
dirigido aos reformados em geral e em especial aos que assinaram a nota, caso
estas singelas palavras cheguem a eles na Providência de Deus. Afirmo que estes
teólogos reformados têm sido para mim motivo de grande edificação e alegria no
Senhor. Respeito-os profundamente e os vejo como piedosos ministros do
Evangelho. No entanto, todos podemos errar e creio que é importante dizer com
todo o respeito e amor que estes irmãos erraram aqui. Procurarei explicar melhor
estas coisas nos pontos a seguir.
Análise da nota:
1 – A nota tratou muito bem da
questão dos debates. De fato é triste observar a forma desrespeitosa e soberba com
que a Salvação em Cristo tem sido tratada no ambiente virtual. Quanto a este
aspecto não há o que discutir e era mesmo necessária uma repreensão pública a
esse respeito.
2 – Todavia ao repreenderem um
ato público prejudicial, o dos debates sem humildade, publicamente deram as
mãos aos arminianos passando a impressão, mesmo sem pretender, que no final das
contas não há assim tanta diferença entre Calvinismo e Arminianismo, pois,
citando a nota “EM UNÍSSONO (Ênfase minha), à luz das Escrituras Sagradas,
enfatizamos que a salvação somente se alcança em Cristo somente, mediante a
graça somente, pela fé somente (Rm 3.24; Ef 2.8; Tt 2.11)”. Penso que aqui está
o problema: Publicamente passou-se a impressão, repito: mesmo que esta não tenha
sido a intenção, de que no final não há diferença. Talvez aqui seja
recomendável a lembrança do texto “Salvos por seu Precioso Sangue”, o oitavo
capítulo de “Entre os Gigantes de Deus” por J. I. Paccker, em que o autor trata
com muita propriedade a respeito do “Novo Evangelho” do Arminianismo contrastando-o
com o “Antigo Evangelho” do Calvinismo.
3 – Publicamente devemos
reprender àqueles que de alguma forma desfiguram o Evangelho e não nos unirmos
a eles para repreender outros males. Penso que aqui está o erro da nota, pois
unir-se a arminianos em nota pública é unir-se àqueles que têm, sim, atacado o
Evangelho. Ou por acaso o Arminianismo não faz isso? O que o Arminianismo tem
feito, meus irmãos? Olhem para a História desde que esse mal penetrou nas
Igrejas. Olhem e notem seus efeitos nas Igrejas de hoje. Será que agora em nome
de uma “Paz Eclesiástica” iremos negar que o Arminianismo é perigoso? Irmãos, permitam-me
dizer-lhes que nesta nota vocês passaram a impressão de que o Arminianismo não
é assim tão prejudicial no final das contas. Publicamente vocês passaram esta
impressão, mesmo que tenha sido para combater outro mal, isto é, o do debate
soberbo.
4 – Publicamente devemos combater
tudo o que de alguma forma ataca a Verdade do Evangelho como o faz o Arminianismo.
Paulo fez isso com Pedro. Veja: “Mas, quando vi que NÃO ANDAVAM BEM E
DIREITAMENTE CONFORME A VERDADE DO EVANGELHO, DISSE A PEDRO NA PRESENÇA DE TODOS: Se tu, sendo
judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a
viverem como judeus?” Gl 2:14. Creio que os nossos amados teólogos reformados
neste ponto não seguiram a Paulo, mas publicamente se uniram com uma doutrina,
a Arminiana, que NÃO ANDA BEM E DIREITAMENTE CONFORME A VERDADE DO EVANGELHO.
Aqui está o erro da nota.
5 – A nota expressa infelizmente a tendência
dos reformados atuais, a transigência com o Arminianismo e Pentecostalismo, o
que pode por em risco a continuidade da reforma. Os irmãos citam George
Whitefield falando de John Wesley como um salvo. Ok! Mas uma coisa é você dizer
que há arminianos piedosos e salvos como Wesley, o que é inegável, e foi como
procedeu Whitefield neste caso, mas outra totalmente diversa é um Calvinista
emitir uma nota pública unindo-se a um Arminiano, dando a impressão, mesmo que
sem pretender, que no final das contas não há assim tanta diferença, e que o
Arminianismo não é assim tão prejudicial. Isso eu não consigo ver nem em Whitefield,
nem em Spurgeon, nem em John Gill, nem em John Owen, só para dar alguns
exemplos do procedimento de reformados do passado. Esses homens quando tratavam
publicamente do assunto mostravam claramente os graves erros e perigos do Arminianismo
e a Verdade Bíblica do Calvinismo. Creio que menos que isso não se espera dos
reformados atuais e exatamente neste aspecto a nota falhou.
Amados, escrevo estas palavras em
amor desejando que reflitam. Não entrarei em debate sobre isso, mas apenas
expresso o que creio ser necessário para a meditação de todos. Que o Senhor
seja conosco e nos conduza no Amado e que a Reforma prossiga para nosso Bem
Eterno e acima de tudo para a Glória de Deus Somente. Amém!
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