Os Cuidadosos Motivos de Cristo em suas Palavras aos Discípulos (Texto, vídeo e áudio) – Exposição de João 16:4 – Manoel Coelho Jr.
“Mas tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos
lembreis de que já vo-lo tinha dito. E eu não vos disse isto desde o princípio,
porque estava convosco”.
João 16:4.
I – INTRODUÇÃO:
Devemos nos deter agora apenas neste verso. Ele é tão
precioso e rico que não poderemos ainda seguir adiante. Ele nos apresentam os
motivos de Cristo em falar o que ele vinha falando, como também o motivo de não
ter dito estas coisas anteriormente. Estes motivos mostram seu cuidado por nós
no uso de suas palavras, o que nos consola e nos leva a dar atenção a sua elas
como fonte de segura orientação em qualquer circunstância da vida.
II – O MOTIVO DE SUAS PALAVRAS ATUAIS.
“Mas tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos
lembreis de que já vo-lo tinha dito”.
O Senhor tinha lhes falado de perseguição que sofreriam por
serem seus discípulos. Isso envolveria perdas sociais e religiosas, pois seriam
expulsos da sinagoga, e morte, visto que poderiam ser assassinados como um
culto a Deus. E a motivação para tal terrível perseguição torna-a ainda pior,
pois seriam tratados como perniciosos ofensores de Deus quando na Verdade eram os
que tinham recebido sua Palavra em Cristo. Mas aqui o Senhor mostra que o
motivo de seus esclarecimentos era para que se lembrassem quando estas coisas
acontecessem. Isso lhes seria benéfico pelo menos por duas razões:
1 – Eles não seriam
tomados de surpresa.
O Senhor deixou claro o que enfrentariam por segui-lo, e
também que isso era devido ao mundo adiar ao Pai e a Ele, o enviado de Deus. Os
discípulos não teriam motivo para surpresa, visto que já tinham sido informados
que pela sua natureza o Cristianismo implicaria mesmo em perseguições por parte
de um mundo rebelde, pois é uma mensagem que vem de Deus sendo, portanto, odioso
aos pecadores.
2 – Eles entenderiam
que Cristo está no controle até das perseguições.
Aquele que até o mar
obedece (Mc 3:39-41) é o Deus-Homem que previu as perseguições porque até sobre
elas tem domínio e propósito. Assim, eles seriam consolados, pois também lembrariam
que o mesmo Cristo profetizou seu retorno, quando então todo o sofrimento iria
terminar (Jo 14: 1-3).
Estes dois fatos continuam a ser realistas e consoladores a
nós que somos perseguidos devido a nossa fé. Sabemos que o Cristianismo é ainda
odioso para o mundo, mas também sabemos que nosso Senhor está no controle e até
nisso tem um propósito, e mais: Em breve Ele voltará. A perseguição é
passageira, mas a Eternidade com Cristo nunca cessará. Amém! Console-se, amado
leitor cristão.
III – O MOTIVO DE NÃO TER FALADO ANTES.
“E eu não vos disse isto desde o princípio, porque estava convosco”.
Cristo explica que não falara estas coisas antes porque
estava com eles. De certa forma o Senhor já havia falado de perseguições
(Confira Mt 5: 10-12), e até mesmo dado alguns detalhes sobre a mesma (Confira
Mt 10: 16-22. Estes texto são lembrados por William Hendriksen em seu
comentário ao Evangelho). Mas agora a diferença é que Cristo dá detalhes mais
profundos, o que mostra a gravidade do caso. Ele fala, por exemplo, que eles
matariam os discípulos como se isso fosse um culto a Deus, o que mostra este
ato vil como algo procedente de um coração em profundas trevas. Posso ilustrar
assim: É como um médico que informa a um paciente que ele está com câncer. Isso
já é terrível. Mas depois o médico dá mais detalhes dizendo que o câncer já
está em estado avançado. Isso é ainda pior. Você entende o que quero dizer?
Cristo já tinha falado da perseguição, mas agora ele mostra com mais detalhes a
sua gravidade.
Mas por que só faz isso agora?
Ele responde assim: “porque
estava convosco”. Podemos entender melhor este motivo ao lembrarmos de
dois fatos:
1 – Cristo estava com
eles pessoalmente para defendê-los, orientá-los e consolá-los.
Quando atacados, Cristo estava lá para lhes dar o suporte
necessário, respondendo as objeções e guardando-os de todo o mal (Mt 15: 2,3;
Jo 18: 7-9). Pessoalmente Ele os defendia. Estava com eles, andava com eles,
comia com eles, enfim, convivia com eles da mesma forma como nós andamos hoje
com nossos familiares e amigos.
2 – O ataque era diretamente
contra Cristo e apenas indiretamente contra os discípulos.
Os inimigos apontavam as suas armas mais precisamente contra
Cristo, pois era-lhes uma ameaça por ser o enviado de Deus e o Mestre dos
demais. Assim o ataque não atingia aos discípulos com tanta força.
Mas agora tudo isso iria mudar. Cristo diz: “porque
estava convosco. E agora vou para aquele que me enviou” Jo 16:4,5.
Cristo não estaria mais de forma pessoal para defender os discípulos, mas
subiria para o Pai, e o ataque seria desde então diretamente contra eles. Nesta
nova fase eles precisariam de palavras mais esclarecedoras para que assim
estivessem preparados para enfrentar os terríveis ataques dos inimigos, e isso
sem desanimar e desistir, mas prosseguindo de forma corajosa, consolada e
vitoriosa.
Amados, que consolador é saber que Cristo estava cuidando de
tudo em relação àqueles discípulos, e continua fazendo o mesmo conosco que
também sofremos ataques diretos. Se atentarmos para as palavras de Cristo não
desanimaremos, mas prosseguiremos de forma corajosa e consolada até a Vitória
do Reino na volta de Nosso Senhor. Amém!
IV – O CUIDADO MANIFESTO DE CRISTO.
Pelos que já estudamos podemos afirmar que o cuidado de Cristo
se manifesta nas seguintes verdades que transparecem claramente aqui:
1 – Cristo organiza e
discerne os tempos e as ocasiões.
Este verso mostra que Ele controla cada tempo soberanamente
e o preparara de forma a dar ocasião apropriada ao que determinou fazer, tendo
total discernimento de tudo isso. Assim, Deus determinou o tempo do nascimento
de Cristo, sua vida, morte ressurreição e ascensão, preparando cada ocasião
para cumpri seu propósito no Plano de Redenção. Cristo, o Deus-Homem, tinha
total percepção destas coisas porque Ele mesmo as havia determinado e
organizado. E faz tudo isso cuidando para que seus discípulos fossem resgatados
do pecado, salvos e santificados para a Glória de seu Nome.
2 – Cristo tem
Palavras apropriadas a cada tempo e ocasião.
Isso já fica claro ao se comparar o Antigo e Novo
Testamento. Explicando: Há normas do Antigo que não mais se aplicam aos tempos
do Novo Testamento. Por exemplo, circuncisão e sacrifícios de animais não são
mais exigidos para nós, mas eram úteis para o povo do Antigo Testamento. Deus
sabiamente organiza os tempos e as ocasiões para suas Palavras. Da mesma forma,
Cristo não falou certas coisas enquanto estava com os discípulos, mas apenas
depois. Foi assim porque sabia que há Palavras apropriadas para cada ocasião, o
que Ele mesmo como Deus já havia determinado. Ele fazia isso como um cuidado
especial com os seus discípulos, para que fossem supridos e orientados de forma
precisa, isto é, conforme a necessidade deles.
3 – Ele nunca deixa
seus discípulos.
Ele estava com eles enquanto andava neste mundo, mas
continuou com eles depois de partir por meio de seu Espírito na Palavra. Por
isso disse aquelas palavras e por elas o Espírito os fortaleceria fazendo com
que se lembrassem delas e as entendessem de forma mais profunda, além de
acrescentar revelações adicionais (Jo 14:25,26). Assim, Cristo permaneceria com
eles por meio do Auxiliador que estaria sempre presente (Jo 14:16-18).
Amados, ao olharmos para estes fatos podemos ver o cuidado
de Nosso Senhor com aqueles discípulos, mas não só com eles e sim também com
todos os discípulos posteriores incluindo nós. O Senhor continua dando-nos
palavras em ocasiões oportunas conforme sua Providência, e está conosco por seu
Espírito. Oh amados, somos odiados pelo Mundo, mas o Senhor está conosco em seu
cuidado constante. Amém! Console-se cristão com esta verdade.
V – A NECESSIDADE DA LEMBRANÇA.
“a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis”.
Creio que ficou claro a importância das Palavras de Cristo
como fonte de orientação e consolo. Por isso, como último ponto, quero destacar
uma palavra do verso que é “lembreis”. O Senhor já havia dito: “Lembrai-vos
da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me
perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também
guardarão a vossa” Jo 15:20. Eis aqui a responsabilidade nossa em
lembrarmos das palavras de nosso Senhor para que então elas tenham os efeitos
benéficos que já estudamos nesta passagem de Jo 16:4. O Senhor explicou que
dizia aquelas verdades para que ao se cumprirem os discípulos se lembrassem
delas. Aqui com certeza está uma referência à obra graciosa do Espírito que os
faria lembrar aquelas palavras para que fossem beneficiados. Mas há também aqui
a responsabilidade em lembrarem-se delas. Assim devemos observar que a Palavra
é o meio de o Senhor nos guiar, animar, consolar, beneficiar. Assim eu lhe
pergunto: Como você tem tratado as Escrituras, a Palavra de Cristo? Como você
tem ouvido a pregação fiel na igreja Local? Você tem entesourado as Escrituras?
Você tem lembrado delas? É pela Palavra que o Senhor nos beneficia. É pela
Palavra que o Espírito atua em nós. Como poderíamos negligenciá-la? Deus nos
guarde disso, e ao contrário, nos faça lembrar dela para nosso consolo e
benefício, e acima de tudo para a Glória de seu Nome. Amém!
VI – CONCLUSÃO:
O Senhor mostra-nos seu cuidado pelo uso de suas Palavras
para o nosso benefício e consolo. Então, que demos o devido valor a sua
Palavra, ouvindo-a e guardando-a em nosso coração e memória. Assim estaremos
sendo cuidados por Ele e seu Nome estará sendo glorificado em e por nós.
Amém!
Pode ser copiado, distribuído, e traduzido livremente para outro idioma, desde que indicada a fonte, a autoria, e o conteúdo não seja modificado.
*Pregação do culto público da noite de domingo, 07 de Fevereiro de 2016, na Congregação Batista Reformada em Belém.
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